• Meio Ambiente  •  04/06/2025  •  4 meses atrás

MEIO AMBIENTE

Unesco Reconhece Projeto Brasileiro de Preservação de Corais em Pernambuco

A Biofábrica de Corais, atuante em Porto de Galinhas, ganha destaque global por sua resiliência e métodos inovadores diante do branqueamento massivo

Unesco Reconhece Projeto Brasileiro de Preservação de Corais em Pernambuco
Fernando Frazão/Agência Brasil

O projeto Biofábrica de Corais, localizado em Porto de Galinhas, Pernambuco, recebeu reconhecimento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como um projeto global de referência na Década do Oceano. O endosso ocorre em um momento crucial, em que os recifes coralinos enfrentam desafios sem precedentes, como a recente onda de branqueamento global.

Entre 2023 e 2024, a elevação da temperatura dos oceanos provocou uma intensa onda de branqueamento de corais em todo o mundo, afetando cerca de 84% dos recifes do planeta. Este fenômeno interrompe a simbiose entre as algas fotossintetizantes (zooxantelas) e os corais, resultando na perda de uma fonte vital de nutrição, enfraquecimento e, consequentemente, morte dos organismos.

O Brasil não ficou imune a essa onda global, que causou uma significativa mortandade de corais, especialmente das espécies coral-de-fogo (Millepora alcicornis) e coral-vela (Mussismilia harttii), entre os litorais de Maragogi (AL) e Natal (RN). Porto de Galinhas, conhecida por seus passeios de jangada e recifes de coral, foi um dos trechos mais atingidos.

A Resiliência da Biofábrica de Corais

"A colônia de corais de Porto de Galinhas teve perdas maiores que 95%. Tudo que sobreviveu foram pequenos fragmentos com tamanhos de menos de um ou dois centímetros”, explica o engenheiro de pesca Rudã Fernandes, gestor da Biofábrica de Corais.

O projeto mantém uma área dedicada à pesquisa e visitação pública em Porto de Galinhas, onde desenvolve trabalhos de recuperação de fragmentos de corais, reprodução desses organismos e restauração do recife. Parte da reprodução e crescimento dos bebês-corais ocorre diretamente no recife, enquanto outra parte é realizada em tanques de um laboratório no Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste (Cepene), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em Tamandaré, também em Pernambuco. Os indivíduos cultivados no laboratório são posteriormente transportados para o recife com um tamanho maior.

Graças a esse trabalho, a Biofábrica de Corais conseguiu salvar uma porção relevante dos corais de Porto de Galinhas. “Nossos corais pequenos, cultivados in situ [no próprio recife], que estavam na fase de berçário, infelizmente foram perdidos. Nossas colônias mais velhas conseguiram passar pelo branqueamento. Elas tiveram diminuição da sua área, mas ainda conseguimos salvar 20% delas”, relata Fernandes. Ele enfatiza: “Então os corais que estão vivos no Porto [de Galinhas] são majoritariamente os manejados pela Biofábrica.”

O trabalho agora foca no manejo desses corais para repovoar os recifes de Porto de Galinhas. Em Tamandaré, os corais que haviam sido recolocados no mar também sofreram branqueamento, mas puderam ser salvos após serem transportados de volta para os tanques do Cepene.

Reconhecimento e Futuro

O reconhecimento da Unesco como projeto global de referência da Década do Oceano é um marco significativo. “O endosso representa um respaldo ao que fazemos e é também importante para nos conectarmos com outros pesquisadores e agentes globais importantes nas questões relacionadas à conservação dos oceanos. Isso permite obtenção de conhecimento, parcerias estratégicas, trocas que direcionam nosso trabalho para ser melhor”, conclui Rudã Fernandes.


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