
BIOTECNOLOGIA
Lobo-terrível: empresa 'ressuscita' espécie extinta há mais de 10 mil anos
Projeto inovador de edição genética CRISPR traz de volta, parcialmente, predador da Era do Gelo
Um dos predadores mais icônicos da Era do Gelo fez um retorno surpreendente, ainda que parcial. A empresa americana Colossal Biosciences anunciou o nascimento de três filhotes geneticamente modificados que exibem características do extinto lobo-terrível (Aenocyon dirus), uma espécie que desapareceu da face da Terra há aproximadamente 13 mil anos. Os filhotes, batizados de Romulus, Remus e Khaleesi, representam um marco impressionante na ciência genética moderna, marcando uma desextinção parcial de uma espécie pré-histórica.
O ambicioso projeto utilizou técnicas avançadas de edição genética CRISPR. Através da análise de fósseis bem preservados, os cientistas da Colossal Biosciences conseguiram extrair fragmentos de DNA do lobo-terrível e identificar os genes responsáveis por suas características distintivas, como o porte físico robusto, a poderosa mandíbula e a densa pelagem. Esses genes foram então inseridos no genoma de lobos-cinzentos modernos, criando uma nova linhagem que expressa traços fenotípicos do animal extinto.
“Esses animais não são cópias genéticas exatas do lobo-terrível, mas sim híbridos que apresentam uma semelhança notável, baseada em todo o conhecimento científico atual que nos permite reconstruir a espécie”, afirmou um dos líderes da equipe de genética da Colossal Biosciences.
Os embriões geneticamente modificados foram implantados em cadelas de grande porte, que atuaram como barrigas de aluguel durante o período de gestação. Após o nascimento saudável dos três filhotes, os animais foram transferidos para uma reserva ecológica privada nos Estados Unidos, onde estão sob monitoramento constante e cuidados intensivos de uma equipe multidisciplinar composta por biólogos, veterinários e geneticistas.
Apesar da grande empolgação em torno do feito científico, especialistas alertam que esses lobos não são clones perfeitos de seus ancestrais. “Trata-se de uma aproximação, um resultado da combinação da genética e da bioengenharia”, explicou o biólogo evolutivo Daniel Stern. O próprio DNA original do lobo-terrível é incompleto, e os cientistas precisaram preencher as lacunas com material genético de lobos modernos, o que torna o resultado uma espécie de “recriação inspirada” e não uma réplica genética idêntica.
O projeto também reacende importantes e profundos debates éticos. Ambientalistas e cientistas levantam questionamentos sobre os potenciais riscos de reintroduzir animais geneticamente editados em ecossistemas existentes e se essa prática não desvia a atenção e os recursos da conservação de espécies que estão atualmente ameaçadas de extinção. Por outro lado, os defensores da desextinção argumentam que essa tecnologia inovadora pode, no futuro, auxiliar na restauração do equilíbrio ecológico que foi perdido com o desaparecimento de predadores-chave em diversos ambientes.
Além do projeto de trazer de volta, parcialmente, o lobo-terrível, a Colossal Biosciences também está ativamente envolvida em iniciativas para reviver o mamute-lanoso e o tilacino (também conhecido como tigre-da-Tasmânia), em uma empreitada ambiciosa que combina biotecnologia de ponta, genética evolutiva e paleontologia.
Por enquanto, Romulus, Remus e Khaleesi permanecerão em cativeiro, sob observação constante. Seus comportamentos, desenvolvimento de saúde e interações sociais serão dados cruciais para avaliar a viabilidade de expandir o projeto e, quem sabe, no futuro, considerar a reintrodução desses animais em ambientes controlados.
O retorno parcial do lobo-terrível pode representar apenas o início de uma nova era para a biodiversidade e inaugurar um novo e fascinante capítulo para a ciência moderna.
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