ECONOMIA PARALELA
Crime organizado se infiltra na economia e fatura R$ 350 bilhões em 3 anos
Sonegação e fraudes em setores como combustíveis e cigarros geram perdas anuais bilionárias aos cofres públicos

O crime organizado expandiu seus tentáculos por diversos setores da economia brasileira, acumulando um faturamento estimado em quase R$ 350 bilhões nos últimos três anos. Os dados, que evidenciam um poder econômico paralelo, ganham ainda mais relevância no momento em que o Ministério da Fazenda busca aumentar a arrecadação para equilibrar as contas fiscais do país.
Como o crime atua nos combustíveis?
Apenas no setor de combustíveis, as perdas de arrecadação para o governo chegam a R$ 29 bilhões por ano, segundo o Instituto Combustível Legal (ICL). Esse rombo é dividido em duas frentes principais:
- Fraudes Tributárias (R$ 14 bilhões): Incluem sonegação de impostos, venda sem nota fiscal e uso de empresas de fachada para lavagem de dinheiro.
- Fraudes Operacionais (R$ 15 bilhões): Abrangem roubo de cargas, adulteração de produtos, fraudes em bombas de abastecimento e operação de postos piratas.
"Percebemos que a fraude tributária diminuiu com novas legislações, mas a fraude operacional aumentou", afirma Emerson Kapaz, presidente do ICL. Segundo ele, a estrutura criminosa já comprou distribuidoras e até produz seus próprios equipamentos para dificultar o rastreamento do dinheiro ilícito.
Um Raio-X do Faturamento Criminoso
Um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) detalha as principais fontes de renda ilegal desde 2022, além do setor de combustíveis:
- Comercialização ilegal de bebidas: R$ 56,9 bilhões
- Extração e produção ilegal de ouro: R$ 18,2 bilhões
- Comércio ilegal de cigarros: R$ 10,3 bilhões
- Tráfico de cocaína: R$ 15 bilhões (estimativa conservadora)
Somando-se a isso, crimes virtuais e furtos de celulares geraram prejuízos de aproximadamente R$ 186 bilhões entre julho de 2023 e julho de 2024, totalizando um impacto de quase R$ 348 bilhões em diversas áreas.
O Problema do Devedor Contumaz
Especialistas apontam que parte significativa da sonegação está concentrada. O senador Efraim Filho (União-PB) revela que uma dívida de R$ 200 bilhões com a Receita Federal está nas mãos de apenas 1.200 CNPJs. Ele é o relator do projeto de lei (PLP 125/22) que regulamenta a figura do devedor contumaz — aquele que deixa de pagar impostos de forma reiterada, muitas vezes ligado a atividades ilícitas e lavagem de dinheiro.
Concorrência Desleal e Enfraquecimento do Estado
A advogada Beatriz Colin e o doutor em Direito Fernando Capano ressaltam que o crime organizado opera uma economia paralela que não paga impostos, promove concorrência desleal contra empresas legítimas e corrói a confiança nas instituições. "Facções criminosas operam à margem do sistema tributário, infiltram-se no aparato estatal para desviar recursos e fomentam mercados ilícitos", pondera Capano.
Medidas de Combate e Propostas
Apesar do cenário desafiador, há ações em andamento. Entre 2023 e 2024, a Polícia Federal, sob o comando de Andrei Rodrigues, conseguiu bloquear R$ 8,9 bilhões do crime organizado. Além disso, a Esfera Brasil e o FBSP apresentaram propostas para asfixiar financeiramente as facções, incluindo:
- Fortalecer o Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf).
- Regulamentar os mercados de criptoativos e apostas esportivas.
- Criar um comitê interministerial para combater o crime organizado.
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