• Agro  •  07/07/2025  •  3 semanas atrás

AGRICULTURA FAMILIAR

Crédito do Plano Safra para agricultura familiar pode ser insuficiente, alerta setor

Apesar de valor recorde, custo real do financiamento e alta de insumos ameaçam o poder de compra do produtor, segundo entidades como a CNA

Crédito do Plano Safra para agricultura familiar pode ser insuficiente, alerta setor

Da Redação

Apesar dos valores recordes anunciados pelo governo para o Plano Safra da Agricultura Familiar 2025/2026, entidades do setor alertam: na prática, o poder de compra do crédito rural está ameaçado. A alta nos custos de produção, somada aos juros elevados, pode fazer com que o dinheiro liberado não seja suficiente para cobrir as despesas da lavoura, gerando endividamento em vez de fomento.

O Custo Real do Crédito e o "Descompasso" no Campo

A principal queixa é o descompasso entre o valor anunciado e a realidade financeira do campo. A escalada nos preços de fertilizantes, defensivos e combustíveis, combinada com uma taxa Selic de 15% ao ano, corrói o valor do financiamento.

Um estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) estima que o custo real do crédito para o produtor, somando todas as taxas e encargos, pode chegar a 18,6% ao ano — muito acima dos juros nominais de 0,5% a 6% divulgados pelo governo.

"Crédito Precisa ser Viável por Hectare"

Para Isan Rezende, presidente do Instituto do Agronegócio (IA), o foco no valor total do plano, de R$ 78,2 bilhões para o Pronaf, pode mascarar a realidade. "É preciso analisar o crédito além do volume total", pondera.

Ele adverte que, quando o financiamento não cobre os custos e o produtor precisa usar recursos próprios para complementar, "a política deixa de ser um instrumento de fomento e passa a gerar endividamento. O Pronaf precisa ser viável por hectare, não só em cifras totais", conclui.

Novos Programas e Velhos Desafios

O novo plano expande programas voltados para a sustentabilidade, como o de redução de agrotóxicos (Pronara) e o de irrigação. No entanto, especialistas afirmam que os gargalos persistem. O desafio será garantir que o acesso a essas linhas de crédito seja desburocratizado e que os limites de financiamento acompanhem a inflação dos insumos, para que o apoio chegue de fato ao produtor familiar na ponta.


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